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Valorize seu dia

 É importante pensar na grandeza de Deus ao nos oferecer oportunidades. Oportunidades de viver, oportunidades de amar, de trabalhar, de servir.


Dentre todas essas oportunidades que Deus nos concede, existe a oportunidade de viver pouco a pouco, um ano inteiro, dia por dia. Então, vale a pena pensar como seria importante se aprendêssemos a valorizar cada um dos nossos dias.

Sim, porque cada dia nosso, é como uma conta de um rosário, uma pérola de um colar. Nós vamos juntando. Há dias que são pérolas maiores, pérolas menores, pérolas negras, as mais valiosas. Há dias que são pérolas mal feitas, mal estruturadas, que não deixam de ter valor, porque são pérolas, mas são mal estruturadas.

De tal maneira que, na medida do possível, nós vamos aprendendo a valorizar o nosso dia. E, para valorizar o dia, vale a pena não ter no coração, lixo de mágoas, de ódio, de dissensão, de inveja, embora seja muito natural para a criatura humana, esses sentimentos ruins.

Nós deveremos buscar, pouco a pouco, tirar do nosso dia esse peso morto que se chamam vícios. De todas as maneiras nós devemos valorizar o dia. Levantar-nos pela manhã, e porque não sabemos quais estradas teremos que percorrer, por não sabermos os embates que encontraremos, as dificuldades que iremos enfrentar, por que não dirigir ao nosso Pai Celeste, já de manhãzinha, a nossa prece?

Abrimos os olhos, nos damos conta dos movimentos, estamos vivos no corpo, elevemos a Deus a nossa oração. Basta dizer do fundo da alma: Obrigado, Senhor por mais este dia, e, nos levantamos.

Enquanto nos banhamos, nos higienizamos, enquanto fazemos o nosso desjejum, vamos pensando nas oportunidades que este dia deverá nos ofertar. A bênção da família, a bênção dos amigos, do trabalho, da saúde, a bênção dos aprendizados, da escola, da universidade, tudo quanto constitui material didático na escola de nossa vida, deve ser motivo de nosso agradecimento.

Agradeça a Deus cada manhã, pelas bênçãos que Ele nos dá a cada dia. Então, vale a pena trabalhar com essa unção, com a alegria do primeiro dia. Sempre que nós trabalhamos o primeiro dia em qualquer área, quando chegamos à escola no primeiro dia, quando chegamos em algum lugar no primeiro dia do passeio, nós estamos num entusiasmo, numa alegria, numa euforia...

Mas, também vale a pena ter a responsabilidade, como se cada dia fosse para nós, o último dia. Quando sabemos que é o último dia de algum compromisso que assumimos, queremos dar conta de tudo, preparar os relatórios, deixar tudo pronto. Assumimos que precisamos deixar tudo pronto. Como não sabemos qual é o dia que a Divindade prescreveu para a nossa volta, para o retorno ao Mundo Espiritual, vale a pena viver cada dia, com essa alegria do primeiro dia e com a responsabilidade do último dia.

Dessa maneira nós vamos valorizando cada dia de uma forma diferente, porque cada período que Deus nos dá para viver, cada dia nosso, composto por vinte e quatro horas, nos enseja ocasiões as mais ricas.

Nós vamos encontrar pessoas de todos os matizes. Aqueles indivíduos que são leves, mansos, amigos, cordatos e aqueles que são bravos, os que têm pavios curtos, aqueles que são intolerantes, que não vão tolerar nosso mínimo deslize.

Mas para que a gente saiba lidar com todos eles, com aqueles que são leves e com aqueles que são mais difíceis, é necessário valorizar o nosso dia, não passar recibo para os aborrecimentos.

As pessoas naturalmente têm as suas lutas íntimas, saem de casa sem o cuidado que a gente procurou ter, de orar pela manhã, de se entregar a Deus, de entregar a vida. E elas saem de casa aborrecidas, muitas vezes. Tiveram problemas, dormiram mal à noite.

Cabe a nós, pensando em tudo isso, valorizar a oportunidade. E uma das formas de valorizar a oportunidade no dia é compreender as pessoas, sem exigir para nós qualquer compreensão.

Não significa que tenhamos que ser uma pessoa sem valor, uma pessoa que não se dá importância, mas, a importância que a gente se dará será exatamente saber que nós aprendemos com Jesus, que aprendemos com o Evangelho a compreender as pessoas, valorizando o nosso dia.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 99, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em agosto de 2007.

Somos Deuses

 Muito pouca gente no mundo tem consciência da sua realidade espiritual.

 Muita gente imagina que viemos do pó e que ao pó retornaremos.

 

Diz-se que essa é uma expressão bíblica, em função de a lenda de Adão e Eva ter estabelecido que fomos feitos do barro. Então se diz que somos barro e ao barro voltaremos.

 

É uma alegoria, sem dúvida, para nos falar do corpo físico, do corpo biológico, de tudo quanto tem origem no próprio planeta. Perfeitamente válido, mas profundamente poético.

 

Em realidade, somos Espíritos, somos seres espirituais, criados por Deus, um dia, simples, ignorantes, sem virtudes, sem sabedoria e que gradativamente estamos marchando para o encontro da felicidade que anelamos.

 

Jesus Cristo nos chamou a atenção, conforme lemos nos textos do Evangelista João, 10:34:    não tendes ouvido que vós sois deuses?

 

Essa pergunta de Cristo é enigmática, é intensa porque... nós somos deuses?

 

Sim, somos deuses. Não somos deuses competidores do Deus Criador, do Demiurgo, do Sempiterno, não somos deuses com D maiúscula, somos deuses com d minúscula. Logo, somos Espíritos.

 

Recordemo-nos de que, em todas as mitologias se fala de deuses: os deuses gregos, os deuses romanos, os deuses africanos, os deuses egípcios, os deuses persas, os deuses nórdicos, os deuses indianos.

 

Mas, ao mesmo tempo, aprendemos que esses deuses, periodicamente, vinham conversar com as pessoas, com seu povo, através dos sensitivos: pitons, pitonisas, richis, hierofantes, magos, profetas.

 

Esses indivíduos tinham uma capacidade de transmitir as mensagens dos seus deuses para a massa. Logo, se esses deuses transmitiam mensagens, esses deuses eram seres espirituais.

 

Foi assim que o mundo aprendeu a chamar os seres espirituais: de deuses.

 

Assim temos o deus Júpiter, o deus Apolo, a deusa Kali, na Índia, a deusa Cotito no Egito. É por essa razão que os Espíritos passaram a ser chamados deuses.

 

Verificamos no ensinamento de Jesus Cristo, ao nos chamar atenção para velhas falas do Velho Testamento, quando dizia que somos deuses, o intuito de que reflitamos bem sobre a nossa realidade espiritual.

 

Somos deuses porque somos passíveis de evoluir, de desenvolver-nos intelectualmente, desenvolver-nos afetivamente, emocionalmente, realizar o nosso progresso em todos os níveis ao infinito. Não existem limites para o nosso progresso, não existem limites para a nossa evolução.

 

Do mesmo modo que nos lembramos da escada simbólica de Jacó, pela qual se pode subir indefinidamente na direção dos céus, na direção dos cimos, também quando se trata da evolução dos deuses, dos Espíritos, não há limite.

 

O nosso escopo, o nosso objetivo é seguir na direção e no sentido de Deus, nosso Pai. Lembremo-nos de que foi isso que Jesus Cristo nos disse:

 

Sede perfeitos quão perfeito é vosso Pai Celestial.

 

Não era para que nos igualássemos a Deus. Não há nenhum sentido em pensarmos assim, mas Deus era a referência. Marcharmos no sentido Dele e buscarmos, nesses esforços de progresso, o encontro interno com a Divindade.

 

Somos deuses e, por causa disso, cabe-nos realizar o que realizam os deuses, os Espíritos, os esforços em prol de sua própria renovação, da renovação do mundo entorno, da melhoria das condições do mundo entorno.

 

E quando nos melhoramos e melhoramos a realidade ao redor de nós, sem qualquer dúvida, ajudamos a vida de quem esteja junto a nós.

 

É por causa disso que nos ufanamos, nos alegramos com essa certeza dada por Jesus de Nazaré de que somos todos nós um conjunto de deuses.


Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 158, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.

Viver em paz


Todos nós vivemos num mar de inteligências, que Platão havia dito que era um mar de Eidos, de ideias.
Todos nós pensamos. Nossos pensamentos são ondas e, por causa disso, vivemos nesse mar de pensamentos.
Nesses tempos que estamos vivendo na Terra, há um pensamento que gera muitos outros, mas que é um pensamento central: a paz.
Em toda parte se fala da paz. Mesmo nos continentes, nos países, nas regiões que se acham em guerras, existe o discurso pró-paz.
Curiosamente, muita gente não se deu conta, não se dá conta, do que seja a paz.
A paz, de maneira nenhuma, corresponde à estagnação das águas paradas. Não, isso não é paz, isso é estagnação.
A paz não tem nada a ver com não fazer nada, ficar à toa, com excessivo ócio. Isso não é paz, isso é preguiça.
A paz não tem nenhuma vinculação com a paralisia dos cadáveres, com a inércia dos mortos. Isso é apodrecimento, é putrefação.
A paz é, sob todos os títulos, uma virtude psíquica, uma virtude do ser, da alma, da intimidade.
Paz significará sempre um estado interior em que a criatura que a busca, que a persegue, entra na sintonia das leis cósmicas.
Ser pacífico é a criatura buscar essa integração com o Criador, sob todos os aspectos.
E, a partir disso, ele tratará de cumprir seus deveres para com a vida, em nome da paz.
Em nome da paz, tratará bem as pessoas, terá seus altos e baixos, ficará nervoso muitas vezes, tenso em outras ocasiões mas, tudo isso na busca do aprimoramento, tudo isso no desejo de se aperfeiçoar. É a busca da paz, em si próprio.
É por essa razão que nos damos conta de que, quando alguém está buscando a paz e assume seus compromissos diante da vida, não se vitimiza, não se coloca como vítima da vida, das coisas, dos outros, porque quem está querendo paz, aprende a governar a si mesmo, a governar a sua própria vida, a ser uma pessoa autônoma, a não realizar o bem apenas porque está sendo visto, ou porque alguém o vai aplaudir, ou porque vai ganhar alguma coisa, e deixa de fazer o mal, deixa de cometer erros, somente quando disso adviria uma sanção. Não.
A criatura que busca a paz trabalha esse sentimento na sua própria intimidade. A paz não é um estado em que nada nos aconteça, nada nos sacuda, nada nos atormente. Não, não é essa paz.
Nós que vivemos no mundo, e todos quantos no mundo estamos, precisamos nos dar conta de que a paz tem componentes íntimos indispensáveis.
Primeiro, é necessário que nós queiramos a paz. Não adianta fazer só o discurso da paz. Não nos vale a pena o discurso somente. É importante que, além do discurso, advenha o curso da paz.

Essas três letras representam tanta coisa para a mente humana, para a vida humana, para o mundo em geral, que a maioria das pessoas que proclama o tempo todo paz, ainda não se deu conta do que ela significa.
Para muita gente, a paz tem que ser mantida à base da força, à base das armas. Para outros, a paz é aquele documento que se assina nos gabinetes políticos, os tratados de armistício. Isso não é a paz. São as conveniências políticas.
A paz reclama de nós essa justeza de propósito, esse querer fazer, cumprir com as nossas obrigações, para poder cobrar os nossos direitos.
Atender os nossos deveres para com a vida, para com as pessoas, para com as coisas, a fim de que esses deveres bem cumpridos nos deem acesso aos direitos recebidos.
A paz pede de nós a ação. De nenhuma maneira a paz propõe que sejamos passivos. Pede que sejamos pacíficos. E é por aí que começamos a refletir em torno da paz.

* * *

Pensando na questão da paz, deveremos buscar fazer da nossa vida um campo de paz, um hino de paz, uma proposta de paz.
Quando o Apóstolo Paulo de Tarso propôs que nos tornássemos cartas vivas do Evangelho, muita gente teve dificuldade, e até hoje ainda tem, para compreender esse significado que Paulo quis dar à proposta.
Cartas vivas do Evangelho: como o Evangelho é a Boa Nova, é essa busca de fazer da nossa própria vida um referencial para muita gente que não tem qualquer outra referência.
Por causa disso, quando buscamos a paz tratamos de enfrentar as lutas cotidianas, aquelas lutas que fazem parte das vidas de todas as pessoas, com essa dignidade de quem é pacífico.
Repito que ser pacífico não é ser passivo. O indivíduo passivo é aquele que não se mexe, é aquele que não age, é aquele que espera que os outros façam.
O pacífico é aquele que luta, que corre atrás, que realiza, que resolve, que define, que decide.
Vemos em Gandhi um homem de paz. Mas não era passivo, era pacífico. Lutava, entregava-se, doava-se.
Na nossa vida comecemos a pensar em criaturas assim: que são capazes de promover a paz, a partir de si mesmas, dando conta dos compromissos cotidianos.
Quantas vezes somos assaltados pela enfermidade, dentro do lar? É tão difícil ser pacífico nessas horas, porque o desespero costuma tomar conta das pessoas, tomar conta de nós. Há descrença, pessimismo. E essa paz onde é que está?
A paz precisaria ser a nossa conselheira nessa hora, para que entendêssemos que estamos procurando a Medicina, estamos procurando os atendimentos necessários, estamos dando a cobertura devida; agora, entreguemos a Deus a saúde do nosso ser querido, ou a nossa própria saúde. Isso é ser pacífico.
Outras vezes encontramo-nos diante de acidentes econômico financeiros, o desemprego. Lutas ásperas, sem dúvida, mas a criatura pacífica não se aterroriza, não se amotina.
A criatura pacífica confia fundamentalmente que coisa alguma em sua vida ocorre sem uma razão de ser. Não se detém, não é passiva, ela corre atrás, vai em busca de resolver o prejuízo, de desfazer o transtorno econômico-financeiro. Mas, por trás disso existe essa certeza de que, no momento devido, tudo se aclarará, tudo chegará ao seu lugar devido, porque, pacífica, a criatura é capaz de entregar a sua mente a Deus, a sua vida ao Criador. Pacífica, como deseja ser.
Vamos perceber que, em outros momentos, nos deparamos com a própria morte. Quanto tormento a desencarnação ainda provoca, para as vidas, para as pessoas que ficam?
Embora as religiões de todos os tempos sempre tenham dito que a morte não existe, parece que isso se tornou um discurso vazio. Parece que os indivíduos escutam, mas não entendem. Parece que a morte só não existe para a família dos outros.
E nos desarvoramos, nos desestruturamos, passamos a pesar sobre o falecido, com a nossa energia negativa, com a nossa energia de auto vitimização. Desse modo, não colaboramos nem com a paz da criatura desencarnada, e nem com a nossa.
Fazemos orações periódicas pela criatura querida ou amiga, que viajou para o outro lado da vida, como se falar coisas, dizer fórmulas, resolvesse o problema de sua paz espiritual.
Não nos damos conta, muita gente não sabe, que essa energia envenenada que o desespero provoca, atinge os nossos seres queridos falecidos, tira-lhes do caminho da paz, e leva-os ao desespero também.
A paz deve ser uma conquista que cada um de nós irá fazendo gradativamente, no seu dia a dia. Uma tormenta hoje, um nervosismo amanhã, uma irritação depois e, nesses intervalos, o esforço pela paz.
A mesma paz que vimos na vida de Cristo. Foi Ele que nos disse com muita tranquilidade: A minha paz vos deixo, a minha paz vos dou.
 
Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 138, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná