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Melhorar para preogredir!


“E a um deu cinco talentos e a outro dois e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade… ” - Jesus. (Mateus, 25:15.)

Melhorar para progredir – eis a senha da evolução.

Passa o rio dos dons divinos em todos os continentes da vida, contudo, cada ser lhe recolhe as águas, segundo o recipiente de que se faz portador.

Não olvides que os talentos de Deus são iguais para todos, competindo a nós outros a solução do problema alusivo à capacidade de recebê-los.

Não te percas, desse modo, na lamentação indébita.

Uma hora anulada na queixa é vasto patrimônio perdido no preparo da justa habilitação para a meta a alcançar.

Muitos suspiram por tarefas de amor, confiando-se à aversão e à discórdia, enquanto que muitos outros sonham servir à luz, sustentando-se nas trevas da ociosidade e da ignorância.

A alegria e o fulgor dos cimos jazem abertos a todos aqueles que se disponham à jornada da ascensão.

Se te afeiçoas, assim, aos ideais de aprimoramento e progresso, não te afastes do trabalho que renova, do estudo que aperfeiçoa, do perdão que ilumina, do sacrifício que enobrece e da bondade que santifica…  

Lembra-te de que o Senhor nos concede tudo aquilo de que necessitamos para comungar-Lhe a glória divina, entretanto, não te esqueças de que as dádivas do Criador se fixam, nos seres da Criação, conforme a capacidade de cada um.

Espírito Emmanuel, do livro Palavras de Vida Eterna, psicografado por Chico Xavier.

Crônica de Natal

Desde a ascensão de Herodes, o Grande, que se fizera rei com o apoio dos romanos, não se falava na Palestina senão no Salvador que viria enfim…

Mais forte que Moisés, mais sábio que Salomão, mais suave que David, chegaria em suntuoso carro de triunfo para estender sobre a Terra as leis do Povo Escolhido.
Por isso, judeus prestigiosos, descendentes das doze tribos, preparavam-lhe oferendas em várias nações do mundo.
Velhas profecias eram lidas e comentadas, na Fenícia e na Síria, na Etiópia e no Egito.
Dos confins do Mar Morto às terras de Abilena, tumultuavam notícias da suspirada reforma…
E mãos hábeis preparavam com devotamento e carinho o advento do Redentor.
Castiçais de ouro e prata eram burilados em Cesareia, tapetes primorosos eram tecidos em Damasco, vasos finos eram importados de Roma, perfumes raros eram trazidos de remotos rincões da Pérsia… Negociantes habituados à cobiça cediam verdadeiras fortunas ao Templo de Jerusalém, após ouvirem as predições dos sacerdotes, e filhos tostados do deserto vinham de longe trazer ao santuário da raça a contribuição espontânea com que desejavam formar nas homenagens ao Celeste Renovador.
Tudo era febre de expectação e ansiedade.
Palácios eram reconstruídos, pomares e vinhas surgiam cuidadosamente podados, touros e carneiros, cabras e pombos eram tratados com esmero para o regozijo esperado.
Entretanto, o Emissário Divino desce ao mundo na sombra espessa da noite.
Das torres e dos montes, hebreus inteligentes recolhem a grata notícia… Uma estrela estranha rutila no firmamento.
O Enviado, porém, elege pequena manjedoura para seu berço de luz.
Milícias angelicais rejubilam-se em pleno céu…
Mas nem príncipes, nem doutores, nem sábios e nem poderosos da Terra lhe assistem a consagração comovente e sublime.
São pastores humildes que se aproximam, estendendo-lhe os braços.
Camponeses amigos trazem-lhe peles surradas.
Mulheres pobres entregam-lhe gotas de leite alvo.
E porque as vozes do Céu se fazem ouvir, cristalinas e jubilosas, cantam eles também…
—“Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os Homens”!…
Ali, na estrebaria singela, estão Ele e o povo…
E o povo com Ele inicia uma nova era…
É por isso que o Natal é a festa da bondade vitoriosa.
Lembrando o Rei Divino que desceu da Glória à Manjedoura, reparte com teu irmão tua alegria e tua esperança, teu pão e tua veste.
Recorda que Ele, em sua divina magnificência, elegeu por primeiros amigos e benfeitores aqueles que do mundo nada possuíam para dar, além da pobreza ignorada e singela.
Não importa sejas, por enquanto, terno e generoso para com o próximo somente um dia…
Pouco a pouco, aprenderás que o espírito do Natal deve reinar conosco em todas as horas de nossa vida.
Então, serás o irmão abnegado e fiel de todos, porque, em cada manhã, ouvirás uma voz do Céu a sussurrar-te, sutil:
 —Jesus nasceu “Jesus nasceu”!…

E o Mestre do Amor terá realmente nascido em teu coração para viver contigo eternamente.


Espírito Irmão X (Humberto de Campos), do livro Antologia Mediúnica do Natal, psicografado por Chico Xavier.

Especial de NATAL!



“Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens.” — Paulo. (FILIPENSES, capítulo 2, versículo 7.) 

Muitos discípulos falam de extremas dificuldades por estabelecer boas obras nos serviços de confraternização evangélica, alegando o estado infeliz de ignorância em que se compraz imensa percentagem de criaturas da Terra. 

Entretanto, tais reclamações não são justas. Para executar sua divina missão de amor, Jesus não contou com a colaboração imediata de Espíritos aperfeiçoados e compreensivos e, sim, “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens”. 

Não podíamos ir ter com o Salvador, em sua posição sublime; todavia, o Mestre veio até nós, apagando temporariamente a sua auréola de luz, de maneira a beneficiar-nos sem traços de sensacionalismo. O exemplo de Jesus, nesse particular, representa lição demasiado profunda. 

Ninguém alegue conquistas intelectuais ou sentimentais como razão para desentendimento com os irmãos da Terra. Homem algum dos que passaram pelo orbe alcançou as culminâncias do Cristo. 

No entanto, vemo-lo à mesa dos pecadores, dirigindo-se fraternalmente a meretrizes, ministrando seu derradeiro testemunho entre ladrões. Se teu próximo não pode alçar-se ao plano espiritual em que te encontras, podes ir ao encontro dele, para o bom serviço da fraternidade e da iluminação, sem aparatos que lhe ofendam a inferioridade. 

Recorda a demonstração do Mestre Divino. Para vir a nós, aniquilou a si próprio, ingressando no mundo como filho sem berço e ausentando-se do trabalho glorioso, como servo crucificado.
 

Emmanuel e a unificação do espiritismo

A unificação espiritualista constitui problema, credor da mais legítima cooperação de quantos colaboram nas obras da verdade e do bem no plano espiritual.

Difícil padronizar a interpretação, de vez que ninguém pode trair o degrau evolutivo que lhe é próprio.
Cada aprendiz da realidade universal verá de acordo com as dimensões de sua janela; ouvirá, segundo a acústica, instalada por si mesmo no santuário interior; e compreenderá, na medida de suas realizações e experiências.
 
Entretanto, nosso problema de união, ao que parece, não se relaciona com a exegese.

É questão de fraternidade sentida e vivida, portas a dentro da organização doutrinária, para que as obras não se esterilizem, à míngua de fé e para que a fé não pereça sem obras.

Trata-se de avançado cometimento da boa vontade de cada companheiro na construção do edifício coletivo do bem geral.

Serviço de compreensão elevada, em que para unir, em Cristo, não podemos prescindir da renúncia cristã, aprendendo a ceder com proveito, no esforço de todos, com todos e para todos em favor da vida melhor.

Para isso, cremos, não é necessário invocar a interpretação que sempre define “um estado de conhecimento”, sem representar a sabedoria, e nem se reclamará o concurso da política humana que constitui “uma expressão transitória de poder”, sem consubstanciar a autoridade em si mesma.

Apelaremos, sim, para as qualidades superiores do espírito, recorreremos à zona sublime da consciência, onde os valores religiosos acendem a verdadeira luz.

Razoável que os orientadores encarnados tracem programas construtivos para a feição externa do serviço a fazer.

Em tempo algum, dispensaremos a ordem, o método e a disciplina, no templo da elevação, como forças controladoras da inteligência.

Nós outros, conclamaremos o homem interno e mobilizaremos as energias do ideal, falando ao coração.

Reunamo-nos no campo da fraternidade edificante.
Não teremos espiritismo unido sem que nos unamos.

Debalde ensinaremos amor sem nos amarmos uns aos outros.
Não elevaremos a doutrina sem nos elevarmos.

Aprendamos a eliminar as arestas próprias, a fim de que o espírito coletivo paire mais alto, ligando-nos à Divina Inspiração.

Unir, para nós, deve ser aprimorar, crescer, iluminar.

Aprimoremo-nos, apresentando mais dócil instrumentalidade aos mensageiros da Vida Mais Alta.

Cresçamos em conhecimento e superioridade sentimental.
Iluminemo-nos na esfera individual, penetrando o segredo do sacrifício para enriquecimento da vida imortal.
Em seguida, a união frutificará, em nossos círculos de trabalho qual a espiga substanciosa que premia a sementeira.

Organizemos por fora, aperfeiçoando por dentro.
Então, chegaremos sem atritos mais ásperos à aquisição de nossa unidade com o Cristo, na mesma convicção que lhe engrandeceu o verbo, quando assegurou: “Eu e meu Pai somos um”.

Espírito Emmanuel, do livro Doutrina e Vida, psicografado por Chico Xavier.

Sem dinheiro...

 Não esperes pelo dinheiro a fim de auxiliar.

Tens contigo tesouros de carinho e fraternidade que mal consegues perceber.
Onde permanece o ouro suscetível de comprar a amizade pura e fiel?
Que joia haverá mais brilhante que a da frase estimulante e salvadora?
Que fortuna conseguirá adquirir a simpatia dos braços amigos que ajudam e servem?
Que moedas existirão sublimes e providenciais como os gestos de boa vontade e cooperação em nossa luta?
Não te esqueças do sorriso amigo com que podes imitar o raio de sol.
Há corações frios e escuros como as juras esquecidas da Terra e almas surgem, feridas e desoladas, que abandonariam prazerosamente todos os cofres recheados de dinheiro do mundo para se confiarem simplesmente à ventura do entendimento e da harmonia com algum coração transviado e infeliz, nos velhos precipícios da ilusão!…
Não condiciones tua caridade ao peso de tua bolsa.
Muitas vezes a dádiva material desajuda na hora mais negra de quem padece e chora na carne, mas estejamos convencidos de que o amor auxilia sempre, porque no amor vibra, em cada instante, a luz de nossa esperança com a sementeira divina de nossa redenção.

Espírito Olívia, do livro Cartas do Coração, psicografado por Chico Xavier.

Porta estreita 


 

“Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão.” Jesus(Lucas, 13:24.)

Antes da reencarnação necessária ao progresso, a alma estima na “porta estreita” a sua oportunidade gloriosa nos círculos carnais.
Reconhece a necessidade do sofrimento purificador. 
Anseia pelo sacrifício que redime. 
Exalta o obstáculo que ensina. 
Compreendea dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a lição, nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos infinitos da vida. 
Obtém o vaso frágil de carne, em que se mergulha para o serviço de retificação e aperfeiçoamento. 
Reconquistando, porém, a oportunidade da existência terrestre, volta a procurar as “portas largas” por onde transitam as multidões.
Fugindo à dificuldade, empenhase pelo menor esforço. 
Temendo o sacrifício, exige a vantagem pessoal.
Longe de servir aos semelhantes, reclama os serviços dos outros para si. 
E, no sono doentio do passado, atravessa os campos de evolução, sem algo realizar de útil, menosprezando os compromissos assumidos. 
Em geral, quase todos os homens somente acordam quando a enfermidade lhes requisita o corpo às transformações da morte. 
“Ah! se fosse possível voltar!...”pensam todos. Com que aflição acariciam o desejo de tornar a viver no mundo, a fim de aprenderem a humildade, a paciência e a fé!... com que transporte de júbilo se devotariam então à felicidade dos outros!... Mas... é tarde. 
Rogaram a “porta estreita” e receberamna, entretanto, recuaram no instante do serviço justo.
E porque se acomodaram muito bem nas “portas largas”, volvem a integrar as fileiras ansiosas daqueles que procuram entrar, de novo, e não conseguem.

QUE BUSCAIS?

“E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais?” — (JOÃO, capítulo 1, versículo 38.)

A vida em si é conjunto divino de experiências.

Cada existência isolada oferece ao homem o proveito de novos conhecimentos. A aquisição de valores religiosos, entretanto, é a mais importante de todas, em virtude de constituir o movimento de iluminação definitiva da alma para Deus.

Os homens, contudo, estendem a esse departamento divino a sua viciação de sentimentos, no jogo inferior dos interesses egoísticos.

Os templos de pedra estão cheios de promessas injustificáveis e de votos absurdos.

Muitos devotos entendem encontrar na Divina Providência uma força subornável, eivada de privilégios e preferências. Outros se socorrem do plano espiritual com o propósito de solucionar problemas mesquinhos.

Esquecem-se de que o Cristo ensinou e exemplificou.

A cruz do Calvário é símbolo vivo.

Quem deseja a liberdade precisa obedecer aos desígnios supremos. Sem a compreensão de Jesus, no campo íntimo, associada aos atos de cada dia, a alma será sempre a prisioneira de inferiores preocupações.

Ninguém olvide a verdade de que o Cristo se encontra no umbral de todos os templos religiosos do mundo, perguntando, com interesse, aos que entram:

“Que buscais?”

Do livro: Caminho, Verdade e Vida

O TESOURO ENFERRUJADO

“O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram.”    
(TIAGO, capítulo 5, versículo 3.)

Os sentimentos do homem, nas suas próprias idéias apaixonadas, se dirigidos para o bem, produziriam sempre, em consequência, os mais substanciosos frutos para a obra de Deus. Em quase toda parte, porém, desenvolvem-se ao contrário, impedindo a concretização dos propósitos divinos, com respeito à redenção das criaturas.
De modo geral, vemos o amor interpretado tão-somente à conta de emoção transitória dos sentidos materiais, a beneficência produzindo perturbação entre dezenas de pessoas para atender a três ou quatro doentes, a fé organizando guerras sectárias, o zelo sagrado da existência criando egoísmo fulminante. Aqui, o perdão fala de dificuldades para expressar-se; ali, a humildade pede a admiração dos outros.
Todos os sentimentos que nos foram conferidos por Deus são sagrados.
Constituem o ouro e a prata de nossa herança, mas como assevera o apóstolo, deixamos que as dádivas se enferrujassem, no transcurso do tempo.
Faz-se necessário trabalhemos, afanosamente, por eliminar a “ferrugem” que nos atacou os tesouros do espírito. Para isso, é indispensável compreendamos no Evangelho a história da renúncia perfeita e do perdão sem obstáculos, a fim de que estejamos caminhando, verdadeiramente, ao encontro do Cristo.

Do livro Caminho,verdade e vida

VIVER PELA FÉ

 
“Mas o justo viverá pela fé.” — Paulo. (ROMANOS, capítulo 1, versículo 17.)

Na epístola aos romanos, Paulo afirma que o justo viverá pela fé.
Não poucos aprendizes interpretaram errada-mente a assertiva.
Supuseram que viver pela fé seria executar rigorosamente as cerimônias exteriores dos cultos religiosos.
Freqüentar os templos, harmonizar-se com os sacerdotes, respeitar a simbologia sectária, indicariam a presença do homem justo. Mas nem sempre vemos o bom ritualista aliado ao bom homem. E, antes de tudo, é necessário ser criatura de Deus, em todas as circunstâncias da existência.
Paulo de Tarso queria dizer que o justo será sempre fiel, viverá de modo invariável, na verdadeira fidelidade ao Pai que está nos céus.
Os dias são ridentes e tranqüilos? tenhamos boa memória e não desdenhemos a moderação.
São escuros e tristes? confiemos em Deus, sem cuja permissão a tempestade não desabaria. Veio o abandono do mundo? o Pai jamais nos abandona. Chegaram as enfermidades, os desenganos, a ingratidão e a morte? eles são todos bons amigos, por trazerem até nós a oportunidade de sermos justos, de vivermos pela fé, segundo as disposições sagradas do Cristianismo.

No culto da gentileza

Lembra-te de que Deus atende aos homens por intermédio das próprias criaturas e faze da gentileza uma prece constante, através da qual a Celeste Bondade se manifeste.

Muitos recorrem à Providência Divina, entre a revolta e o pessimismo, olvidando a necessidade de compreensão para que o bem se exprima em dons de reconforto, ao redor dos próprios passos, esparzindo a esperança, a fim de que o coração se mantenha preparado, à frente das bênçãos que se propõe a recolher.

Ninguém na Terra é tão bom que possa proclamar-se plenamente liberto do mal e ninguém é tão mau que não possa fazer algum bem nas dificuldades do caminho…

Nos maiores delinquentes há sempre um filho de Deus, transviado ou adormecido, aguardando o toque do amor de alguém, para tornar à trilha certa.

Sê compassivo e atrairás a bondade!

Sê amigo do próximo e a amizade do próximo virá ao teu encontro.

O carinho fraterno é uma fonte de bênçãos a deslizar no chão duro da rotina ou da indiferença, dessedentando as almas sequiosas que passam.

Realmente, é sempre uma afirmação de fé a nossa rogativa verbal ao Todo Misericordioso e a prece sentida é energizante em nosso próprio Espírito, erguendo-nos para os cimos da existência.

O Senhor, no entanto, espera igualmente que nos façamos bons uns para com os outros, assim como exigimos seja Ele para nós o benfeitor infatigável e incessante.

Não te esqueças de que o Mestre nos espera ao lado das próprias criaturas que caminham conosco, a fim de auxiliar-nos.

Sejamos devotos da cortesia e da afabilidade, em todos os instantes, para que não aconteça venhamos a dizer, depois da oportunidade perdida:

— “Efetivamente, o Senhor estava junto de mim, mas, não pude senti-lo.”

Porque, em verdade, pelos fios invisíveis do amor, o Divino Mestre permanece constantemente entrosado à nossa própria vida.

 Livro: Abrigo - Emmanuel/Chico Xavier




EVANGELHO E ALEGRIA

Grande injustiça comete quem afirma encontrar no Evangelho a religião da tristeza e da amargura. Indubitavelmente, o sacerdócio muita vez impregnou o horizonte cristão de nuvens sombrias, com certas etiquetas do culto exterior, mas o Cristianismo, em sua essência, é a revelação da profunda alegria do Céu entre as sombras da Terra. 

 A vinda do Mestre é precedida pela visitação do anjos. 

 Maria, jubilosa, conversa com um mensageiro divino que a esclarece sobre a chegada do Embaixador Celestial.  Nasce Jesus na manjedoura humilde, que se deslumbra ao clarão de inesperada estrela. 

Tratadores rústicos são chamados por um emissário espiritual, repentinamente materializado à frente deles, declarando-se portador das “notícias de grande alegria” para todos o povo. No mesmo instante, vozes cristalinas entoam cânticos na Altura, glorificando o Criador e exaltando a paz e a boa-vontade entre os homens. 

 Começam a reinar o contentamento e a esperança... Mais tarde, o Mestre inicia o seu apostolado numa festa nupcial, assinalando os júbilos da família. Como que percebendo limitação e estreiteza em qualquer templo de pedra para a sua palavra no mundo, o Senhor principia as suas pregações à beira do lago, em pleno santuário da natureza. Flores e pássaros, luz e perfume representam a moldura de sua doutrinação. Multidões ouvem-lhe a voz balsamizante. Doentes e aleijados tocam-se de infinitas consolações. Pobres e aflitos entrevêem novos horizontes no futuro. Mulheres e crianças acompanham-no, alegremente. 

O Sermão da Montanha é o hino das bem-aventuranças, suprimindo a aflição e o desespero. Por onde passa o Divino Amigo, estabelece-se o contentamento contagiante. Em pleno campo, multiplica-se o pão destinado aos famintos. 

O tratamento dispensado pelo Mestre aos sofredores, considerados inúteis ou desprezíveis, cria novos padrões de confiança no mundo. Desdobra-se o apostolado da Boa Nova, no clima da alegria perfeita. Cada criatura que registra as notas consoladoras do Evangelho começa a contemplar o mundo e a vida, através de prisma diferente. Surge-lhe a Terra por bendita escola de preparação espiritual, com serviço santificante para todos. 

Cada enfermo que se refaz para a saúde é veículo de bom ânimo para a comunidade inteira. Cada sofredor que se reconforta constitui edificação moral para a turba imensa. Madalena, que se engrandece no amor, é a beleza que renasce eterna, e Lázaro, que se ergue do sepulcro, é a vida triunfante que ressurge imortal. 

 E, ainda, do suor sangrento das lágrimas da cruz, o Senhor faz que flua o manancial da vida vitoriosa pra o mundo inteiro, com o sol da ressurreição a irradiar-se para a Humanidade, sustentando-lhe o crescimento espiritual na direção dos séculos sem-fim.

Do livro Roteiro pelo espírito Emmanuel/Chico Xavier


A Terra

A Terra é um magneto enorme, gigantesco aparelho cósmico em que fazemos, a pleno céu, nossa viagem evolutiva. Comboio imenso, a deslocar-se sobre si mesmo e girando em torno do Sol, podemos comparar as classes sociais que o habitam a grandes vagões de categorias diversas.
 De quando em quando, permutamos lugar com os nossos vizinhos e companheiros. 
Quem viaja em instalações de luxo volta a conhecer os bancos humildes em carros de condição inferior. Quem segue nas acomodações singelas, ergue-se, depois, a situações invejáveis, alterando as experiências que lhe dizem respeito. Temos aí o símbolo das reencarnações. 
 De corpo em corpo, como quem se utiliza de variadas vestiduras, peregrina o Espírito de existência em existência, buscando aquisições novas para o tesouro de amor e sabedoria que lhe constituirá divina garantia no campo da eternidade.
 Podemos, ainda, filosoficamente, classificar o Planeta, com mais propriedade, tomando-o por nossa escola multimilenária. Há muitos aprendizes que lhe ocupam as instalações, na expectativa inoperante, mas o tempo lhes cobra caro a ociosidade, separando-os, por fim, de paisagens e criaturas amadas ou relegando-os à paralisia ou à cristalização, em largos despenhadeiros de sombra. 
Outros alunos indagam, dia e noite...e, com as perquirições viciosas, perdem os valores do tempo. Imaginemos um educandário, em cuja intimidade comparecessem os discípulos de primária iniciação, exigindo retribuições e homenagens, antes de se confiarem ao estudo das primeiras lições. 
 O menino bisonho não poderia reclamar esclarecimentos, quanto à congregação que dirige a casa de ensino onde está recebendo as primeiras letras. E, ante a grandeza infinita da vida que nos cerca, não passamos de crianças no conhecimento superior. Vacilamos, tateamos e experimentamos, a fim de aprender e amealhar os recursos do Espírito.
 Compete-nos, assim, tão-somente, um direito: - o direito de trabalhar e servir, obedecendo às disciplinas edificantes que a Sabedoria Perfeita nos oferece, através das variadas circunstâncias em que a nossa vida se movimenta. Ninguém se engane, julgando mistificar a Natureza.
O trabalho é divina lei. Pesquisar indefinidamente, na maioria das vezes é disfarçar a preguiça intelectual. A vida, porém, é ciosa dos seus segredos e somente responde com segurança aos que lhe batem à porta com o esforço incessante do trabalho que deseja para si a coroa resplandecente do apostolado no serviço.

Do livro ROTEIRO
Emmanuel/Chico Xavier


NO PLANO CARNAL

Isolado na concha milagrosa do corpo, o espírito está reduzido em suas percepções a limites que se fazem necessários.
A esfera sensorial funciona, para ele, à maneira de câmara abafadora.
Visão, audição, tato, padecem enormes restrições.
O cérebro físico é um gabinete escuro, proporcionando-lhe ensejo de recapitular e reaprender.
Conhecimentos adquiridos e hábitos profundamente arraigados nos séculos aí jazem na forma estática de intuições e tendências.
Forças inexploradas e infinitos recursos nele dormem, aguardando a alavanca da vontade para se externarem no rumo da superconsciência.
No templo miraculoso da carne, em que as células são tijolos vivos na construção da forma, nossa alma permanece provisoriamente encerrada, em temporário olvido, mas não absoluto, porque, se transporta consigo mais vasto patrimônio de experiência, é torturado por indefiníveis anseios de retorno à espiritualidade superior, demorando-se, enquanto no mundo opaco, em singulares e reiterados desajustes.
Dentro da grade dos sentidos fisiológicos, porém, o espírito recebe gloriosas oportunidades de trabalho no labor de auto-superação.
Sob as constrições naturais do plano físico, é obrigado a lapidar-se por dentro, a consolidar qualidades que o santificam e, sobretudo, a estender-se e a dilatar-se em influência, pavimentando o caminho da própria elevação.
Aprisionado no castelo corpóreo, os sentidos são exíguas frestas de luz, possibilitando-lhe observações convenientemente dosadas, a fim de que valorize, no máximo, os seus recursos no espaço e no tempo.
Na existência carnal, encontra multiplicados meios de exercício e luta para a aquisição e fixação dos dons de que necessita para respirar em mais altos climas.
Pela necessidade, o verme se arrasta das profundezas para a luz.
Pela necessidade, a abelha se transporta a enormes distâncias, à procura de flores que lhe garantam o fabrico do mel.
Assim também, pela necessidade de sublimação, o espírito atravessa extensos túneis de sombra, na Terra, de modo a estender os poderes que lhe são peculiares. 
Sofrendo limitações, improvisa novos meios para a subida aos cimos da luz, marcando a própria senda com sinais de uma compreensão mais nobre do quadro em que sonha e se agita.
Torturado pela sede de Infinito, cresce com a dor que o repreende e com o trabalho que o santifica.
As faculdades sensoriais são insignificantes résteas de claridade descerrando-lhe leves notícias do prodigioso reino da luz.
E quando sabe utilizar as sombras do palácio corporal que o aprisiona temporariamente, no desenvolvimento de suas faculdades divinas, meditando e agindo no bem, pouco a pouco tece as asas de amor e sabedoria com que, mais tarde, desferirá venturosamente os vôos sublimes e supremos, na direção da Eternidade. 

O HOMEM ANTE A VIDA

No crepúsculo da civilização em que rumamos para a alvorada de novos milênios, o homem que amadureceu o raciocínio supera as fronteiras da inteligência comum e acorda, dentro de si mesmo, com interrogativas que lhe incendeiam o coração.
Quem somos?
Donde viemos?
Onde a estação de nossos destinos?
À margem da senda em que jornadeia, surgem os escuros estilhaços dos ídolos mentirosos que adorou e, enquanto sensações de cansaço lhe assomam à alma enfermiça, o anseio da vida superior lhe agita os recessos do seu, qual braseiro vivo do ideal, sob a espessa camada de cinzas do desencanto.
Recorre à sabedoria e examina o microcosmo em que sonha.
Reconhece a estreiteza do círculo em que respira.
Observa as dimensões diminutas do Lar Cósmico em que se desenvolve.
Descobre que o Sol, sustentáculo de sua apagada residência planetária, tem um volume de 1.300.000 vezes maior que o dela.
Aprende que a Lua, insignificante satélite do seu domicílio, dista mais de 380.000 quilômetros do mundo que lhe serve de berço.
Os Planetas vizinhos evolucionam muito longe, no espaço imenso.
Dentre eles, destaca-se Marte, distante de nós cerca de 56.000.000 de quilômetros na época de sua maior aproximação.
Alongando as perquirições, além do nosso Sol, analisa outros centros de vida.
Sírius ofusca-lhe a grandeza.
Pólux, a imponente estrela do Gêmea, eclipsa-o em majestade.
Capela é 5.800 vezes maior.
Antares apresenta volume superior.
Canópus tem um brilho oitenta vezes superior ao do Sol. 
Deslumbrado, apercebe-se de que não existe vácuo, de que a vida é patrimônio de gota dágua, tanto quanto é a essência dos incomensuráveis sistemas siderais, e, assombrado ante o esplendor do Universo, o homem que empreende a laboriosa tarefa do descobrimento de si mesmo volta-se para o chão a que se imanta e pede ao amor que responda à soberania cósmica, dentro da mesma nota de grandeza, todavia, o amor no ambiente em que ele vive é ainda qual milagrosa em tenro desabrochar.
Confinado ao reduzido agrupamento consangüínea a que se ajusta ou compondo a equipe de interesses passageiros a que provisoriamente se enquadra, sofre a inquietação do ciúme, da cobiça, do egoísmo, da dor. Não sabe dar sem receber, não consegue ajudar sem reclamar e, criando o choque da exigência pra os outros, recolhe dos outros os choques sempre renovados da incompreensão e da discórdia, com raras possibilidades de auxiliar e auxiliar-se.
Viu a Majestade Divina nos Céus e identifica em si mesmo a pobreza infinita da Terra.
Tem o cérebro inflamado de glória e o coração invadido de sombra.
Orgulha-se, ante os espetáculos magnificentes do Alto e padece a miséria de baixo.
Deseja comunicar aos outros quanto apreendeu e sentiu na contemplação da vida ilimitada, mas não encontra ouvidos que o entendam.
Repara que o Amor, na Terra, é ainda a alegria dos oásis fechados.
E, partindo os elos que o prendem à estreita família do mundo, o homem que desperta, para a grandeza da Criação, perambula na Terra, à maneira do viajante incompreendido e desajustado, peregrino sem pátria e sem lar, a sentir-se grão infinitesimal de poeira nos Domínios Celestiais.
Nesse homem, porém, alarga-se a acústica da alma e, embora os sofrimentos que o afligem, é sobre ele que as Inteligências Superiores estão edificando os fundamentos espirituais de Nossa Humanidade.