Amor ao próximo

Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, ou seja, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho.

Em todos os seus ensinamentos, mostra essas virtudes como sendo o caminho da felicidade eterna.
Bem-aventurados, diz ele, os pobres de espírito, quer dizer: os humildes, porque deles é o Reino dos Céus; bem-aventurados os que tem coração puro; bem-aventurados os mansos e pacíficos; bem-aventurados os misericordiosos.
Amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros os que desejaríeis que vos fizessem; amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas, se quereis ser perdoados; fazei o bem sem ostentação: julgai-vos a vós mesmos antes de julgar os outros.
Humildade e caridade, eis o que não cessa de recomendar, e de que ele mesmo dá o exemplo.
Orgulho e egoísmo, eis o que não cessa de combater.
No quadro que Jesus apresenta, do juízo final, como em muitas outras coisas, temos de separar o que pertence à figura e à alegoria.
A homens como aos que falava, ainda incapazes de compreender as coisas puramente espirituais, devia apresentar imagens materiais, surpreendentes e capazes de impressionar.
Para que fossem melhor aceitas, não podia mesmo afastar-se muito das idéias em voga, no tocante à forma, reservando sempre para o futuro a verdadeira interpretação das suas palavras e dos pontos que ainda não podia explicar claramente.
Mas, ao lado da parte acessória ou figurada do quadro, há uma ideia dominante: a da felicidade que espera o justo e da infelicidade reservada ao mau.
Nesse julgamento supremo, quais são os considerandos da sentença? Sobre o que baseia a inquirição?
Pergunta o juiz se foram atendidas estas ou aquelas formalidades, observadas mais ou menos estas ou aquelas práticas exteriores?
Não, ele só pergunta por uma coisa: a prática da caridade. E se pronuncia dizendo: “Passai à direita, vós que socorrestes aos vossos irmãos; passai à esquerda , vós que fostes duros para com eles”.
Indaga pela ortodoxia da fé? Faz distinção entre o que crê de uma maneira, e o que crê de outra?
Não, pois Jesus coloca o samaritano, considerado herético, mas que tem amor ao próximo, sobre o ortodoxo a quem falta caridade.
  • – Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 15, item 3.